CAUSAS DA HOMOSSEXUALIDADE NA VISÃO ESPÍRITA

Com o fim de tentar ajudar o entendimento daqueles que devem acolher e esclarecer nossos irmãos homossexuais, nas lides espíritas, resolvi, sem pretensão de esgotar o assunto escrever algo para acrescentar mais informações ao já tão debatido tema.

É preciso entender bem as causas que levam os espíritos a reencarnarem na condição de homossexuais em uma determinada existência para evitarmos o preconceito em nosso dia a dia, ou o que é pior ainda em palestras que pronunciarmos em nome da Doutrina Espírita.

Pois bem, já que o Espírita se fundamenta principalmente nos livros da Codificação (Pentateuco kardequiano) e nas obras subsidiárias de André Luiz e Emmanuel, vejamos como estes podem nos ajudar nesta empreitada:

Em “O livro dos Espíritos” obra básica da Doutrina lemos;

“VI – Sexo nos Espíritos

200. Os Espíritos têm sexo?

— Não como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.

201. O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher, numa nova existência, e vice-versa?

— Sim, pois são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.

202. Quando somos Espíritos, preferimos encarnar num corpo de homem ou de mulher?

— Isso pouco importa ao Espírito; depende das provas que ele tiver de sofrer.

Comentário de Kardec: Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, oferece-lhes provas e deveres especiais, e novas ocasiões de adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens.”

Daí, então, seguindo adiante podemos entender com o espírito Emmanuel no livro “vida e sexo” uma primeira causa de homossexualismo em nosso mundo, tão pouco citada pelos nossos expositores espíritas, vejamos;

“o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas. O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta. A face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando­se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias.”

Ora Emmanuel nos deixa claro com essas observações que a falta de adaptação do Espírito a uma nova condição encarnatória em um novo sexo pode sim deixa-lo com traços de suas ultimas experiências. Simples assim, “a natureza não dá saltos” como é de conhecimento de todos nós espíritas. Tudo muito natural, nem pecado (ofensa a Deus; que não existe em Espiritismo.) nem aberração, pois acontece também no reino animal e não pode ser tomado a conta de desequilíbrio em nossos irmãozinhos em evolução.

Continuemos, André Luiz no livro “Ação e reação” segue a mesma linha de pensamento nos esclarecendo mais dois motivos para o homossexualismo entre nós:

“Considerando-se que o sexo, na essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser, é natural que o Espírito acentuadamente feminino se demore séculos e séculos nas linhas evolutivas da mulher, e que o Espírito marcadamente masculino se detenha por longo tempo nas experiências do homem. Contudo, em muitas ocasiões, quando o homem tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes da Lei Divina a renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante de Deus, ocorrendo idêntica situação à mulher criminosa que, depois de arrastar o homem à devassidão e à delinquência, cria para si mesma terrível alienação mental para além do sepulcro, requisitando, quase sempre, a internação em corpo masculino, a fim de que, nas teias do infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao homem, perante o Senhor.

Nessa definição, porém, não incluímos os grandes corações e os belos caracteres que, em muitas circunstâncias, reencarnam em corpos que lhes não correspondem aos mais recônditos sentimentos, posição solicitada por eles próprios, no intuito de operarem com mais segurança e valor, não só o acrisolamento moral de si mesmos, como também a execução de tarefas especializadas, através de estágios perigosos de solidão, em favor do campo social terrestre que se lhes vale da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e no progresso espiritual”

Vemos aí sim a questão do desequilíbrio nos abusos do sexo contrário provocando a inversão sexual prematura ou compulsória por conta da lei de causa e efeito, e surpreendentemente vemos a condição homossexual sendo um recurso para Espíritos missionários que vem e pedem a existência em um corpo inverso à sua atual condição para precaver-se de possíveis assédios e distrações que lhe prejudicariam a missão. Em assunto tão vasto nossos pre- conceitos só denotam nossa leviandade e falta de conhecimento ao emitirmos nossa opinião de uma forma genérica.

Caso queiramos realmente estudar o assunto, sigamos adiante, agora com o venerável Espírito dr.Bezerra de Menezes no livro “Dramas da obsessão” psicografado por Ivone A. Pereira, que nos elucida que o espirito endividado muitas vezes reencarna em situação inversa, com a finalidade de esconder-se de seus credores, sendo esta então mais uma causa a ser considerada nos dramas da homossexualidade vejamos o texto;

“oh, que alegria para o meu coração, que se rebelou para sempre! Já atinei dois deles: - frei Ildebrando e o miserável João José, que agora andou disfarçado em mulher ...Assim fazem os traidores covardes – disfarçam-se em sexo diferente, pretendendo não ser jamais reconhecidos...puro engano!”

Por fim vemos a opinião não menos abalizada de Herculano Pires, enquanto ainda se encontrava entre nós nas lides terrenas, em seu livro “mediunidade” em que aborda outro fator, muito comum, que pode levar a homossexualidade a quem nunca apresentou nenhum indício para tal, sem que para isso seja falta de vergonha como muitos julgam;

“os casos de homossexualismo adquirido, não congênito ou constitucional, da classificação psiquiátrica, decorrem de fatores educacionais mal dirigidos ou de influências diversas, posteriores ao nascimento, que dão motivo à sintonia do paciente com espíritos obsessores vampirescos. O problema sexual é extremamente melindroso, pois tanto o homem quanto a mulher dispõem de tendências de ambos os sexos, podendo cair aos desvios provocados por excitações de após nascimento”

Devemos nos lembrar que Herculano Pires se pronuncia conforme os conhecimentos da época e utiliza expressões que hoje já não são utilizáveis em se tratando deste assunto. Ele aborda outra causa, aí sim, onde os cuidados com a moralidade e a educação dos sentimentos se faz necessários, desde a infância, não para impedir que nossos filhos sejam homossexuais, mas sim para que qualquer um de nos possa se proteger das investidas dos adversários da nossa evolução que vingativos, muitas vezes, investem contra nossa sexualidade desprotegida pelo descaso em que tratamos as questões ligadas ao sexo.

Vimos aí então de relance alguns dos fatores que podem concorrer para o surgimento do homossexualismo no mundo, isto sem falarmos da curiosidade de experimentar levando em conta as questões do livre arbítrio de cada um, lembrando-se que, no entanto tal curiosidade quase sempre é motivada pela chamada “modinha” e quase sempre são passageiras deixando apenas o arrependimento e muitas vezes comprometimentos com outros espíritos, esses muitas vezes homossexuais legítimos, que não soubemos respeitar, nos compromissando para resgates em outras vidas, como em qualquer relação em que nos envolvemos se o devido cuidado com os sentimentos alheios.

Para finalizar lembremos que a homossexualidade não justifica abusos e desequilíbrios no campo do sexo e que as leis morais são as mesmas para heteros ou homo afetivos. Sigamos juntos com o Cristo, tentando nos amar mais, nos compreender mais e fechando com as palavras sóbrias de Emmanuel no livro “vida e sexo” lembrando que ele mesmo nos afirmou que o sexo é a ultima grande fronteira que o homem irá superar em sua evolução:

“em torno do sexo, será justo sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência.”

Maikson R. Santos