PENSAMENTO E EMOÇÕES

As emoções constituem capítulo da vida humana, que prossegue merecendo acuradas reflexões, de modo a canaliza-las com a segurança e eficiência indispensáveis aos resultados salutares para os quais se encontram na organização fisiopsíquica de cada criatura.

Refletindo o estado espiritual em que transitam os homens, invariavelmente manifestam-se em desgoverno, levando a paroxismos e desajustes de demorada regularização.

Dirigindo o comportamento, fazem que se transite de uma para outra com sofreguidão, em ânsia contínua, que termina por exaurir aquele que lhes submetem sem o controle necessário.

Estimulando o egoísmo, impõem a satisfação pessoal sob os altos custos da inquietação e da insegurança íntima, em face dos novos desejos de gozos insaciáveis, que terminam por constituir característica predominante da conduta individual.

Essa busca irrefreável do prazer, que se torna dependência viciosa, fomenta gozos que depois, invariavelmente, se convertem em dores.

(...) Pessoas há que não passam sem os condicionamentos das emoções, vivificando a ansiedade que as consome em flamas de angústia.

(...) As emoções alimentam-se naqueles que as agasalham e se lhes adaptam aos impositivos caprichosos. Comparemo-las a uma vela cuja finalidade é iluminar. Para o mister, ela gasta combustível, como é fenômeno natural. Preservada para os fins, oferece luz por período largo; no entanto, deixada na direção do ar canalizado, apressa o próprio consumo, e, acessa nas duas extremidades, mais rapidamente se acaba.

Assim também as emoções, que têm finalidade superior, no campo da vida; quando não se submetem à disciplina, exigem carga dupla da energia na qual se sustentam, culminando por destruir a sua fonte geradora.

O pensamento, porém, é o agente que as pode conduzir com a proficiência desejada, orientando-as com equilíbrio, a fim de que o rendimento seja positivo, capitalizando valores que merecem serem armazenados no processo iluminativo para a execução das tarefas nobres.

Esse esforço propicia autoconfiança, harmonia íntima, gerando bem estar pessoal, que extrapola a área da individualidade e se irradia beneficiando em derredor.

Ninguém pode bloquear as emoções ou viver sem elas. Intentar ignora-las ou pretender esmaga-las é empreendimento inócuo, senão negativo.

Toda emoção ou desejo recalcado reaparece com maior vigor, em momentos imprevistos.

Substituir os interesses negativos e viciosos, por outros de caráter mais gratificante quão duradouro, é o primeiro passo, nessa luta de renovação moral e educação emocional.

(....) Ao pensamento disciplinado, portanto, cabe a árdua tarefa de educar as emoções, gerando fatores de saúde, que contribuem para a harmonia interior, dando margem ao surgimento de fenômenos de paz e confiança.

(...) Pensando, o Espírito estabelece o clima no qual se desenvolve e de cuja energia se nutre. Conforme fixe o pensamento, edifica ou destrói, passando de autor a vítima das próprias maquinações. Pelas afinidades de ondas mentais e interesses emocionais, reúnem-se os seres, que elaboram o habitat no qual se demoram.

A direção correta e constante do pensamento esclarecido, que conhece as causas e finalidades da vida, realiza o controle das emoções, tornando os indivíduos nobres e equilibrados, que não se transtornam diante de provocações, nem se apaixonam ante as sensações, ou se descompensam enfrentando o sofrimento.

A amargura e a ansiedade não os sitiam, mesmo que, de passagem, deixem ligeiros sinais que a potente luz do amor real e da certeza da fatalidade feliz do bem faz que desapareçam.

Manoel P. de Miranda – Temas da Vida e da Morte

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